terça-feira, 26 de maio de 2015

Dá-me as trevas!

Dá-me as trevas...
Assim como um abraço,
Como o negro do espaço
Dá-me as trevas como quem veste uma capa
Como quem se enrola numa coberta
E se entrega ao sono de alma aberta
Para esquecer, sonhar, lembrar...

Dá-me as trevas,
E veja! Veja como sumo
Deixo apenas minha voz...
Oculto nas trevas eu e minha dor atroz
Dá-me as trevas, deixai-me a sós
Vês ao longe essa luz fugidia,
Esse tremelicar fantasmal de vulto?
É minha voz...
Estou despido nas trevas,
Cicatrizes à mostra na escuridão

Dá-me as trevas,
As trevas mais negras
De onde nada que entra sai!
Dá-me as trevas onde escondo meus tesouros,
Meus beijos, memórias, meu altar de ouro!
Dá-me as trevas onde minha voz de louco é sonata
Onde minhas palavras bêbadas e desconexas são prece altiva
Dá-me as trevas onde eu respiro, vivo, renasço,
Dá-me as trevas dos seus cabelos,
Onde escondo meu rosto, fecho os olhos e suspiro
O suspiro de quem acorda de pesadelo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário